Cirurgia plástica: médico Thomas Eduard Stockmeier convalidou curso de colombiano que supostamente causou a morte de paciente


O médico Thomas Eduard Stockmeier, que vive em Porto Alegre, era responsável pelo reaproveitamento acadêmico de Daniel Correa Posadas, acusado de causar danos e até vitimar pacientes de cirurgias plásticas na Colômbia.

Um caso divulgado pela imprensa gaúcha na sexta-feira, 02/06/2017, tem causando espanto quanto à formação acadêmica de profissionais da medicina, particularmente na especialidade de Cirurgia Plástica. O médico colombiano Daniel Correa Posada – que supostamente ocasionou danos e, inclusive, vitimou pacientes na Colômbia – propagava ter aprendido novas técnicas cirúrgicas no Brasil. O país é referência mundial na especialidade devido ao renome do cirurgião plástico brasileiro Ivo Pitanguy.

Há mais de um ano, Daniel tentava ser reconhecido como cirurgião plástico na Colômbia, mas não obteve êxito. A especialização feita por ele no Brasil é certificada pela FACSPAR, faculdade do Grupo Educacional Facinepe. O primeiro contato do médico com a instituição foi intermediado por Nicolas Arredondo Fernandez – investigado pelas Polícias Civil e Federal pela prática de crimes – segundo depoimento do próprio Daniel à imprensa colombiana.

Na época em que o colombiano diz ter cursado a especialização no país, o médico Thomas Eduard Stockmeier era quem convalidava o certificado da especialização e que, supostamente, ministrava as aulas realizadas em São Paulo. Atualmente, Thomas vive em Porto Alegre. Em 2015, usou da má-fé para induzir que o TCC fosse orientado por um outro profissional da instituição.

De acordo com a fonte, que prefere se manter em sigilo, Thomas alegava que Daniel necessitava “realizar aproveitamento de seus conhecimentos práticos e teóricos já cursados na Faculdade Redentor, no Rio de Janeiro, além de outros estudos e práticas profissionais já realizados em seu país de origem e no Brasil, com vistas a concluir seu curso de pós-graduação, como prevê a legislação educacional brasileira, após exames e avaliações que ele mesmo impôs a Daniel, juntamente com o Prof. Thiago Nicolau de Araújo”.

Outra fonte afirma que corrigiu o trabalho de conclusão de curso do médico colombiano nas normas vigentes da ABNT, mas que, hierarquicamente, era subordinado no âmbito acadêmico a Jorge Luis Moraes Doval – também investigado pelas Polícias Civil e Federal – e que foi mais um dos intermediários da apresentação do médico colombiano a FACSPAR.


“Estou inteirado de que existem interesses pessoais do jornalista José Luis Costa. Sei que isso já está sendo tratado em diversos processos judiciais, que dizem que ele tem inclusive figurado como testemunha de Thomas em diversas demandas, o que retira sua isenção para publicar estas matérias. Pelo que parece, a RBS tem sonegado o direito de resposta às matérias. Não tem como acreditar nas notícias que foram publicadas. A verdade faz bem à saúde e ao jornalismo”, diz outra fonte.


Fontes declaram que os assuntos acadêmicos, administrativos e legais relacionados a FACSPAR devem ser questionados e esclarecidos a seu ainda Diretor, Thiago Nicolau de Araújo, e a sua mantenedora, FACINEPE, cujo presidente é Douglas Costa Vieira. Embora outra ex-colaboradora, que prefere não se identificar, afirme que a instituição tenha sido vítima de furto de documentos institucionais e de outras condutas criminosas. De acordo com as informações, a ex-funcionária, Claudia Galant Martins da Silva, está sendo investigada pelos supostos crimes.


O médico Thomas Eduard Stockmeier é acusado de falsidade ideológica, uso e fabricação de documentos falsos, ameaça, difamação, calúnia e injúria nas Polícias Federal e Civil, Ministérios Públicos Federal e Estadual, além dos órgãos reguladores da medicina, Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS) e Conselho Federal de Medicina (CFM). Ele também é suspeito de confeccionar diplomas falsos de pós-graduação para os próprios filhos medicos, Jean Edward Stockmeier (CRM: 971103) e Bárbara Luz Stockmeier (CRM: 182526).

Estes são alguns dos certificados de Thomas Eduard Stockmeier que estão sob investigação pela Polícia Federal:






Procurada em maio de 2016 pela imprensa colombiana, a FACSPAR respondeu que “a pós-graduação lato sensu na área médica é uma maneira de atualização teórico/prática sobre um determinado tema de interesse, voltado a médicos graduados, sendo de inteira responsabilidade dos egressos o uso que farão com tais conhecimentos, bem como a forma como conduzem sua atuação profissional, já que o certificado obtido é de exclusivo cunho acadêmico, e não de habilitação profissional”.

No Brasil, o artigo 17 da Lei 3268/1957, Parecer CFM, n. 21/2010 diz que “o médico devidamente inscrito no Conselho Regional de Medicina está apto ao exercício legal da medicina, em qualquer de seus ramos; no entanto, só é lícito o anúncio de especialidade médica àquele que registrou seu titulo de especialista no Conselho”.